Wednesday, October 05, 2005

Ciúme

Arrastaste até ti o cinzeiro branco que me roubaste das mãos. Puxaste um cigarro do maço e levaste-o lentamente à boca depois de humedeceres o filtro. Retiraste-o ainda antes de o acender, e olhaste para mim. - Como te amo! - Disseste.

Tiraste o isqueiro do bolso. Antes de o acenderes hesitaste por momentos, como se fosses acrescentar algo, depois disso, com duas longas inspirações abandonaste-me por instantes... Trocaste-me por um breve prazer amargo.

Olhei-te, ao longe, da minha cadeira, reclinei-me, absorvi-te com o prazer que sempre tive em te observar: O teu peito que se movia ao sabor do fumo. E como invejei esse pequeno cilindro branco que te tocava os lábios, que te dava as mãos em belos momentos de delírio!

Mantiveste o silêncio durante minutos enquanto me observavas. Dei-te as mãos quando voltaste a ser minha: - Também te amo! Muito. - Respondi-te. E voltei a agarrar nas minhas mãos o cinzeiro branco, numa tentativa infantil de evitar que uma vez mais me traisses com tão pequeno inimigo.

No comments: