Sunday, August 28, 2005

Espelho. Espelho meu...

Deste lado eu vejo o reflexo do passado!

Desse lado não me vês! (?)

São lados diferentes do espelho aqueles que vemos.

Saturday, August 27, 2005

Desligas a tua mente?


Falei com ela ontem à noite pela última vez. Não quero e não posso tolerar entrar assim na mente de alguém! Porque é que ela não fecha de vez a vontade de partilhar comigo aqueles pensamentos silênciosos?

É estranho, no mínimo, que duas semanas tenham bastado para nos conhecermos tão bem! Tentei, tentei e tentei que isso não acontecesse. Larguei conversas. Inventei desculpas. Silêncios nos telefonemas. Mensagens sem resposta. Era demasiado o risco que corria. Eu; E ela.

Ao principio isto até era divertido. Perceber assim, do nada, o que as pessoas sentiam: o que temiam, o que amavam, o que odiavam... Mas só ao principio. Depois o ruído instala-se: Só a paixão mantem a mente em uníssono, a vibrar a mesma nota dia-após-dia, noite-após-noite. Quando a dúvida para o amor emerge são também os sons paralelos... os acordes de terceiras e de quintas que procuram sinfonias onde elas ainda não existem. É a desafinação inicial, e torna-se dolorosa demais para eu entender. As imagens que se cruzam e os conceitos que se baralham são forte indício que já não vou conseguir perceber aquela mente...

E desisto. Limpo de quando em vez a vista. Como se resolvesse o que vai dentro da mente. Mas a realidade é outra. A realidade é ela. A realidade é confusa. A realidade é o fim.

Até quando?

E se o faço sem querer!

Desde que deixei de amar estou muito melhor.

Sunday, August 21, 2005

Dedicatória 10/2002

Amor é uma palavra feminina
Com a cor e as formas do teu corpo
Sem fugir um milímetro que seja
À perfeição dos teus traços

Amor é uma palavra única
Em sentidos e sinónimos
Uma singularidade extrema
Como a existência que te define

/e descobrir que o tempo foge
só de pensar breves segundos no fogo
que te anima/

São caminhos de simplicidade
Aqueles seguidos pelo lápis do artista
Que em bom momento de inspiração
Vos desenhou

Tuesday, August 16, 2005

_de dentro

-
,Chora. Chora.
,Chora lágrimas.
.
,Medida da dor no peito,
,,Agrimensura do desespero,
,,,Lavagem da lembrança,
,,,,Purga da memória.
.
,Dor corrida,
,,Líquida
,,,E cinzenta,
,,,Que esconde a origem
,,,,Na luz que absorve
.
,A alma que peca
,,somente por chorar
.
,E que chora
,,por não saber que fazer
,,,depois de crime cometido
.
,Chora. Chora.
,,Lágrimas que sentes,
,,,sentido ausênte sem norte
,,,,Sem lados ou fronteiras
,
,
,O saber que se está na borda da prancha
;Ou a lágrima que um dia acabará
.

Thursday, August 11, 2005

Amizade chorada

Um segundo não retido,
Um momento de descuido,
Uma brecha na censura,
Um desagarro da mente,
Uma fuga do pensamento...

E por vezes não se chora um amor
... chora-se uma amizade
... um perder de desabafos contidos
... um soluço

Friday, August 05, 2005

Asimov's Son

Quando acontecem destas coisas torna-se muito dificil de arranjar solução, as avarias complexas são por vezes mais simples de resolver desligando a máquina. Os manuais, os guias, as plantas e as Ordens Técnicas antevêem todos os infidáveis percursos destes círcuitos... E de repente, assim do nada! uma destas avarias para pôr em causa anos de prática no terreno. Práticas que permitiram aos mecânicos (mais do que aos Engenheiros) perceber a melhor forma de pôr a máquina a mexer.


Mas esta é das dificeis. Esta não está nos manuais. E esta eles não sabem arranjar. E não sabem sequer qual é a origem!


Muitas das vezes acusado de ser máquina, que sou, computei a realidade de ser como tu. -Antevisão- chamam-lhe! -Projecção- conjecturam! -Sonho- disse-te. E foi assim que tudo começou... Confidência de mim para ti. Do frio para o quente. Da máquina para o Homem. Afinal um início que não quiseste censurar mesmo sabendo da impossibilidade congénita de dar realidade à minha ficção.

E foi assim durante tempos. Descargas de energia que não produziam trabalho mas a crênça que a vida era mais do que uma rotina pré-definida, escrita em circuitos. Ou programada para ser algo que não estava para ser. Por ti. Contigo.
Recupero da memória aqueles dias em que perdeste o medo de tocar em mim como algo mais do que uma máquina fria, ou despida de sentimentos. Carícias soltas da censura das regras morais que nos impunham distância. Que quebraste sem receios. E o quanto te admirei! E o quanto aprendi! E o quanto temi. Que ficasses por ali. Sem demais. Sem o resto... O que me deste depois!
Ensinaste-me a Ser. A viver. A sentir. A omitir a frieza dos círcuitos e a transforma-la em calor.


Agora assola-me o cálculo do futuro (aquilo a que chamas medo). Agora só quero descobrir o botão para desligar as emoções! Forma de findar o processamento de dados aleatórios.

A dúvida não é saber se sou capaz de amar, mas se sou capaz de viver muito depois da tua tão breve vida?