Friday, May 20, 2005

Ali.

Seria esta a terceira vez... E desta ele não deixaria passar!
A saída não seria uma vez mais no futuro da vida.
Agora era logo ali! Naquele momento. No presente.
...
E ali tudo acabou.

Sunday, May 15, 2005

Cresce

Em tempos idos fui único.
Sentido e ouvido. Escutado e entendido.
Levado a sério pelas manias do Ser que teima ser criança.
(Descrescimento contínuo na afirmação de se estar.)

E onde é então? Onde pára o destino que teima.
Vai-se, lentamente, rastejante pelos dias fora.

Deixando-me aqui sem ti. Sem nada. Sem mim.
A gritar: CRESCE amável criatura. E olha! Vê.
(Com olhos de ver!)

Olha para quem te ama. Que quem te ama não te consegue ver...

Monday, May 09, 2005

- Vêmo-nos por ai!

A outra forma seria negá-Lo. Descer em vez de subir e procurar a saída para esta embrulhada pela porta dos fundos. Estaria de certo no caminho assim que soubesse como...

Decidi começar por onde seria óbvio. Vasculhei enciclopédias, livros, registos, públicações, revistas, ópusculos, folhetos e até propaganda. Depois falei com mestres, com iniciados, com especialistas, com estudiosos, com elucidados, com seguidores, com entendidos, com interessados. Depois falei com os outros, com os críticos, com os censores, com os desinteressados, com os desentendidos e com os desconhecedores.

Traçei o caminho desde o conhecimento até ao centro da sabedoria. E encontrei-o. No local por todos conhecido e por todos esquecido: do lado de fora! E foi então que lhe propus a troca algo por tudo. Eu por tudo. Pouco por tudo.

E foi então que cheguei ao límite. Quando pensava que ali estava a saída descobri a fechadura na porta já por si fechada. E pior. A reprimenda. A ofensa. E o fim da esperança:

- Nada do que tens é teu. Nada do que tens tem valor. Nada do que és é importante. E nada de ti é negociavel... Que te leva a pensar sequer que tens o direito de te negociares? O teu que pões em cima da mesa-de-troca é algo do qual não tens direito. É apenas teu por empréstimo.

E ali fiquei. Nem o negrume da vida-pós-vida seria a minha salvação. Eis-me vivo. A preparar-me para mais vestir mais um dia a minha pêle de sobrevivente.

- Vêmo-nos por ai!

Friday, May 06, 2005

Até ao fim da rua

Foi arrastando os dedos pela parede rugosa como purga para os nervos. O cimento envelhecido queimava ligeiramente a pele. Dir-se-ia um castigo, auto-infligido para esquecer a outra dor que deixara ficar do outro lado da rua. Essa, a outra, era bem mais dificil de controlar. Estava fora do seu alcançe apazigua-la, retirá-la dos sentidos, demovê-la de existir. E foi por isso que atravessou a estrada. E esta dor, esta que a parede lhe oferecia, era bem mais simpática. Esta ele podia controlar. Esta era amiga, ia e vinha a seu mando, e a seu mando ele podia pedir-lhe mais conforto, até ao osso, muito para além do tremor ligeiro que por agora ia sentindo.

E assim foi. Até ao fim da rua.

Monday, May 02, 2005

In a Galaxy, far, far away...



Felicidade

... ah, sim, lembro-me !

Três Dias Depois

Só te respondi quase três dias depois, assim, a seco - Não, não sou ciúmento - Quase como se estivesse a falar sozinho; A meditar; Frase descontida que me foge da boca para fora; Pensamento rebelde que insiste em se manter assim.

Do teu lado uma interjeição. Outra coisa não seria de esperar, afinal, ali, no meio da multidão do Centro Comercial, estavamos muito longe do confessionário que costuma ser o nosso quarto, a nossa cama, a nossa íntimidade. - À tua pergunta... da outra vez! É a resposta - Disse.

Silêncio, de ambos. Facções de uma mesma frase. De uma mesma ideia. Ficaste ali a cozinhar o que tinhas ouvido; A contextualizar a pergunta. Talvez para retomares a linha de raciocínio de há três dias atrás... aquela que eu tinha sido capaz de evitar já nem sei bem como!

- Mas... - retomei sabendo como a vida é traiçoeira e sabida. Com vontade de pregar partidas e criar obstáculos para deleite próprio: Jogo de estímulos/resposta a que alguns chamam destino. E também consciente, acrescentei - por ti abro uma excepção! - E sorri, depois de te afastar o cabelo com um dedo e depositar um beijo na testa.