Monday, August 28, 2006

O Fim do Início

Sem chuva nem vento
no céu azul
nem nuvens: só medo
neste tormento em que parei.

E eu parei
por medo
da estrada que acaba no céu azul
que começa sem fim.

Começa sem acabar
e mantém-se até mim
que tremo a ver, enfim
que não é céu: é mar

Mar por acabar
Onde começa o céu

Sem corpos

Fiz, sem saberes, amor contigo no sábado passado.

Fiz amor sem corpos
Fiz amor sem beijos
Fiz amor sem olhares
Fiz amor sem carícias
Fiz amor sem fim

Amei-te sem sequer ouvires a minha respiração
Amei-te sem sequer ouvir a tua respiração
E amei-te muito

E, oh!, que dor a minha!
E que saudade de ti!

Friday, August 25, 2006

Partilha

Deixa-me acordar o teu corpo,
Cravar fundo na tua pele
Os meus dedos sedentos
De vontade de amar.

Deixa-me abraçar,
Nos teus sonhos o desejo
De voar mais alto
Que a frágil carne humana.

Deixa-me suar contigo
A incontrolável vontade
De, por momentos,
Desaparecermos juntos do mundo.

Vamos confundir os sentidos...
Vamos partilhar a essência...
Vamos libertar a mente...
... deixa-me ser teu.

Wednesday, August 23, 2006

... o principio de um dia

Era uma tarde.

Confortavelmente sentado via o céu e o mar.

Uma gaivota insistia, a par do teu olhar, fazer-me companhia.
E voava solta, apoiada no vento deixava-se levar pelo momento, como tu.

E o sol, que batia solene, sereno, sem morder a pele, concorria com o calor do brilho dos teus olhos castanhos. O brilho que só tu sabes emanar. E que me aquece como só tu sabes aquecer.

__[Mais que o Sol] __

Era uma tarde...
... o principio de um dia.

Saturday, August 19, 2006

Criatura

E por mais estranho que parecesse, cada vez que olhava através daquela janela via um dia diferente.

Azul. Verde. Amarelo. Vermelho. Castanho. E por fim negro como a noite.

E por mais estranho que parecesse, cada vez que olhava através daquela janela via uma pessoa diferente.

Apaixonada. Quente. Sincera. Comprometida. Distante. E por fim fria como a noite.

Por mais que pensasse no passado não conseguia tirar os olhos daquela fotografia que te tirei no dia em que fizemos amor no carro. Que ninguém conhece. A foto que ninguém vê. A foto segredo, que é só meu. A foto que os meus olhos tiraram aos teus, que a minha mente revelou e que a memória guardou.

Por mais que pensasse no passado só via futuro. O que tinha ficado guardado na gaveta das emoções esquecidas. Que quiseras em tempos reanimar mas que padecia de um infeliz mal comum: a textura de uma relação lavada vezes sem conta na máquina-de-lavar das relações, gasta, roçada, esbatida, puída. Desgastada ao límite do confortável e cheia de buracos irremendáveis.

A janela começava a parecer um quadro de mim, moldura do que sou, do que fui. Reflexo no vidro!

E aquela criatura que me olhava lá debaixo, do jardim, parou para olhar um pouco mais. Para ver o que tinha a mostrar quem está do outro lado.

Wednesday, August 16, 2006

Drama Queen

- Uma história que começa com uma promessa e que acaba com uma promessa só pode ser uma história incompleta ou mal contada. -

Foi o que eu disse na altura e o que mantenho agora. Mas há atenuantes, eu sei. O factor vida. O factor Humano. O factor realidade! Ainda assim chamei-lhe criança... irresponsável. Por brincar desta forma com os sentimento de alguém que, nestas circunstâncias, não sabe, nem quer, se defender.

Teve coragem de me olhar nos olhos: Força de vencer. Espirito competitivo. Incapacidade de desistir. Irresponsibilidade de não assumir erro e parar. Acusou-me de ser quem sou. De dizer o que disse. De sentir isto que sinto. De existir. De respirar.

Sei agora que há intolerância ao meu EU. E assim sendo, para quê discutir. A vida, armadilha rasteira na vegetação do dia-a-dia, deixa-nos estes presentes malditos. Moral. Raciocínio. Ciúme.