E por mais estranho que parecesse, cada vez que olhava através daquela janela via um dia diferente.
Azul. Verde. Amarelo. Vermelho. Castanho. E por fim negro como a noite.
E por mais estranho que parecesse, cada vez que olhava através daquela janela via uma pessoa diferente.
Apaixonada. Quente. Sincera. Comprometida. Distante. E por fim fria como a noite.
Por mais que pensasse no passado não conseguia tirar os olhos daquela fotografia que te tirei no dia em que fizemos amor no carro. Que ninguém conhece. A foto que ninguém vê. A foto segredo, que é só meu. A foto que os meus olhos tiraram aos teus, que a minha mente revelou e que a memória guardou.
Por mais que pensasse no passado só via futuro. O que tinha ficado guardado na gaveta das emoções esquecidas. Que quiseras em tempos reanimar mas que padecia de um infeliz mal comum: a textura de uma relação lavada vezes sem conta na máquina-de-lavar das relações, gasta, roçada, esbatida, puída. Desgastada ao límite do confortável e cheia de buracos irremendáveis.
A janela começava a parecer um quadro de mim, moldura do que sou, do que fui. Reflexo no vidro!
E aquela criatura que me olhava lá debaixo, do jardim, parou para olhar um pouco mais. Para ver o que tinha a mostrar quem está do outro lado.
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