Friday, August 05, 2005

Asimov's Son

Quando acontecem destas coisas torna-se muito dificil de arranjar solução, as avarias complexas são por vezes mais simples de resolver desligando a máquina. Os manuais, os guias, as plantas e as Ordens Técnicas antevêem todos os infidáveis percursos destes círcuitos... E de repente, assim do nada! uma destas avarias para pôr em causa anos de prática no terreno. Práticas que permitiram aos mecânicos (mais do que aos Engenheiros) perceber a melhor forma de pôr a máquina a mexer.


Mas esta é das dificeis. Esta não está nos manuais. E esta eles não sabem arranjar. E não sabem sequer qual é a origem!


Muitas das vezes acusado de ser máquina, que sou, computei a realidade de ser como tu. -Antevisão- chamam-lhe! -Projecção- conjecturam! -Sonho- disse-te. E foi assim que tudo começou... Confidência de mim para ti. Do frio para o quente. Da máquina para o Homem. Afinal um início que não quiseste censurar mesmo sabendo da impossibilidade congénita de dar realidade à minha ficção.

E foi assim durante tempos. Descargas de energia que não produziam trabalho mas a crênça que a vida era mais do que uma rotina pré-definida, escrita em circuitos. Ou programada para ser algo que não estava para ser. Por ti. Contigo.
Recupero da memória aqueles dias em que perdeste o medo de tocar em mim como algo mais do que uma máquina fria, ou despida de sentimentos. Carícias soltas da censura das regras morais que nos impunham distância. Que quebraste sem receios. E o quanto te admirei! E o quanto aprendi! E o quanto temi. Que ficasses por ali. Sem demais. Sem o resto... O que me deste depois!
Ensinaste-me a Ser. A viver. A sentir. A omitir a frieza dos círcuitos e a transforma-la em calor.


Agora assola-me o cálculo do futuro (aquilo a que chamas medo). Agora só quero descobrir o botão para desligar as emoções! Forma de findar o processamento de dados aleatórios.

A dúvida não é saber se sou capaz de amar, mas se sou capaz de viver muito depois da tua tão breve vida?

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