Saturday, February 26, 2005

Eu

Há dois rios que me banham a face...

Afluentes da minha alma...


Que sobrevoa a planicie seca do meu coração...


Perdido no negro da vontade...


De te ter minha uma vez mais!



Tuesday, February 22, 2005

Siga!

Ora porra para o presente que pouco de melhor traz que o passado!
Se não é o futuro que mais resta?

Pensa para a frente. Arranca de corrida e não pares até lá chegares.
É lá que está o que tem de estar...

Aqui já não há nada que dê verde! O que estás aqui a fazer...

Siga!

Sunday, February 20, 2005

Vale: Um dia

De quando em vez finjo que estás cá: Só para ver se me lembro como era!

E sorrio como antes.
E sorrio como foi muitos anos atrás.
E sorrio como gostava de continuar a sorrir.

Mas depois reparo no vazio, e penso que foi em vão este sorriso.
Mas não, mesmo que por pouco... valeu-me o dia!

Wednesday, February 16, 2005

Uma porta

Saí sem bater a porta.
Digo: Saí sem bater a porta...

Ou seja, a porta não bateu! Foi devagarinho que a fechei. Pelo puxador, e não pela laterar dando balanço com o braço e esperando que um qualquer som violento se fizesse manifestar. Foi assim como que um último carinho em algo (e não em alguém). Algo que tivesse ficado por fazer do outro lado.

Num clíque. De frente para a porta, para o presente. E não de costas, para o passado. Senti-lhe o toque ainda: Familiar, mas fria. Testemunha de bons momentos. Ponto de passagem de muitos dias felizes. De muitas noites em branco. De muitas tardes de risos. De tristezas. De choros também. De assombros de medo. De prespectivas. De frustrações. Mas sempre de esperanças. E muito amor; E atestei e pesei a relevância do acto. Mas segui em frente. Fui embora como tinha de ser.

Hoje ainda penso nesse momento de reflexão... a desvantagem de não bater com portas é que não sabemos se ficaram fechadas...

Esta pode muito bem ainda estar encostada!

Tuesday, February 15, 2005

Cruxifico-me três a quatro vezes por dia...

Em penitência mental plena de arrependimento.
Em desconforto consciente do meu estado.
Em anamnése do tempo e dar dor que deixo.


Tenho esperança no regresso.
No meu. No retorno da cruz.
Em corpo e em mente. Completo!

Ressurreição.
Como uma gota de chuva que cai duas vezes do céu:
- igual na forma, diferente no conteúdo...

Monday, February 14, 2005

Sinto o quê?

Ser quem
Sou. É
Sorriso, ou
Sofrimento? É

Sentimento de
Solidão? Ou
Saber que
Senti o fim?

..mais feliz?

Hoje finjo que não estou cá!
Se me virem por ai e me reconhecerem finjam que sou outro qualquer!
Se me ouvirem ao telefone, digam é engano!

Que eu hoje estou a passar ao lado da realidade.

Hoje sou mais feliz assim!

Sunday, February 13, 2005

Há chão lá em cima?!

- Cá de cima vê-se melhor. Vem.
- Como? Se estás tão alto!
- Toma, sobe, agarra a mão. Vá! Faz um esforço, vais ver que vale a pena.
- Mas é o quê?
- Agarra a mão, não faças perguntas, sou eu quem te diz. Para cima...

Agarrou. Segurou. Trepou. Rebolou pela cintura em equilibrio até senti o chão lá de cima. E depois, mas ainda a medo, sentou-se a seu lado. Abriu os olhos e focou para o fundo:
- É lindo!

Podia -se chamar "Livro dos amores"

U m dia escrevi-te ao coração. E não foi erro! Erro foi o passado sem a minha escrita... Algo que mantive afastado de ti durante demasiado tempo. Porquê? - Pela imagem. O excesso faz mal! O excesso afasta para longe (De excesso falo da alma exposta).
Aparentemente acredito nos sentimentos. Mais do que acredito nas pessoas, essas tomam em si acções contraditórias. -Eu sei! Já as tomei!- E por vezes nem a si são fieis, ou aos sentimentos.

Por mim acredito que há coisas que se passam pelos dedos, pelas mãos, pelo simple calor.
Para mim a escrita aparece como simulacro de um beijo.

E agora digo-te:
Este é um beijo que te dou em palavras
Quentes, Refinado, Carnudo, Suave, Ligeiro, Ligeiramente doce e demorado.

Saturday, February 12, 2005

Sinestesia

Queria ser sinestésico das tuas emoções
e tocar num piano todos os dias
os acordes da tua vida

Baladas, Valsas, Missas, Electrónica, Dança, Experimental

Ou até as dissonâncias que nos afastaram!

Fuga / Evasão / Desatino

Fuga / Evasão / Desatino

Ponto assente de conforto
De uma vida vazia de emoção

Garantia de indolência
Mantida pela afinidade entre
O Nada e o Agora

E se então é assim
Porquê dar portas abertas?

Friday, February 11, 2005

..falta..

Saber que me amavas foi suficiente para manter os olhos abertos na noite...


Agora fecho-os por sentir falta disso!...

Seis lados da vida

Sou dado a principios na vida
Sou dado a mecanismos na vida
Sou dado a hábitos na vida
Sou dado a sonhos na vida
Sou dado a fugas na vida
Sou dado a conclusões na vida

Monday, February 07, 2005

Menos um dia...

...não queria chorar hoje...

Na verdade já não chorava desde ontem!

Sunday, February 06, 2005

Até onde?

Muitas vezes escrevi a minha alma.

Em versos
Em prosa
Em desenho verbal

Mostrei mais longe dos que os olhos vêm
Do que os ouvidos escutam
Do que os dedos sentem



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Fui longe demais?




Saturday, February 05, 2005

_____________________Ciúme



Infidelidade corrente que me subjuga a alma
*
Vontade demente de incorrer em raíva
*
Sujidade temente com sabor amargo
*
Sabor inerente da liberdade perdida
*
Pinturas de ódio rasgadas de púrpura
*
Fronteiras de gelo no limiar da razão
*
E as flores
*
De espuma
*
Que se estendem no meu chão

Friday, February 04, 2005

V i v o

Pelos vistos o desejo da alma não é o mesmo desejo do corpo, senão a morte teria sido o aliviar da dor, da espera, do omitido, do querer, do perder. Mais uma luta perdida, a da alma sobre a matéria... E estou aqui! Para contar história. Para mais uma vez procurar saida em pensamentos de morte!

Wednesday, February 02, 2005

O ar?

Este cheiro que cheiro, é o cheiro do vazio
O ar é breve!
O ar é raro!
O ar é isto...






...que não tenho nos pulmões
por tantos suspiros que dou!


Petit-rien


Era só mais uma das cartas que me escrevia. Uma das muitas que fui recebendo ao longo dos nosso longos anos de amizade. Guardei-as todas, sem excepção, numa gaveta funda. Talvez lições da vida. Da vida dos outros:

"começei por considera-lo um 'Petit-rien', nada que pudesse fazer antever a hecatombe que daí adveio!
Hoje, tempos passados, olho atentamente para trás e, cínico e crítico, penso na facilidade que teria sido para mim lidar com isso. Costuma dizer-se que ao estudarmos a doença corremos o risco de nos identificarmos com a sintomática, mas... e se estivermos atentos a isto mesmo!Não corremos também o risco de negarmos os sintomas reais? Ao julgarmos que são somente imaginados!
Cair no fundo por julgarmos ter a cura nas mãos é tão mau como pensarmos que o cardiologista não pode morrer do coração.
Olho agora para trás e vejo a falta que faz pensarmos nas coisas como elas são, na realidade, não como na nossa imaginação."

Nunca lhe respondi. Censurem-me. Mas também sempre consegui antever mais resposta que dúvidas naquelas palavras. Não sei se era só partilha! Acho que sim. Aquelas cartas não eram para ter resposta, só um leitor atento. E a isso eu fui fiel.