Tuesday, November 22, 2005

Uma amiga

- Conheci uma amiga.

- E como é ela?
- É pragmática.

- Simpática?
- Nem sempre...

- Educada?
- Sempre que possível.

- Correcta?
- Sem dúvida.

- Inteligente?...
- Muito.

- Muitas virtudes! Como se chama ela?
- Razão.

Monday, November 14, 2005

Sou Romeu

O que tinha para dizer, sem tempo para contemplações, saíra à pressa por uma garganta seca depois de contornar um belo nó que as cordas vocais tinham dado nos últimos minutos. A sério, nem o tempo húmido deste dia escuro conseguira dar fluidez à minha prosa deslavada e puéril.

É lógico que nunca irias acreditar em mim! Não havia segurança no discurso, nem prazer nas palavras. Parecia que tudo o que dizia era tão somente um exercicio de representação, uma articulação do texto com a mímica, dignos de um bobo-de-corte medieval no seu pior dia de representação e ameaçado com o cadafalso caso não fizesse rir sua alteza. Tu.

Delicada presença que não sabias o que avaliar... se o nervosismo... se a posse amorfa... se a coragem do 2º acto, segunda cena, da minha interpretação de Romeu.

Sleep dwell upon thine eyes, peace in thy breast!
Would I were sleep and peace, so sweet to rest!
Hence will I to my ghostly father's cell,
His help to crave, and my dear hap to tell.

E tal como o meu heroi... saí.

Sunday, November 06, 2005

Livre

Foge de mim ó Desespero.

Foge para longe do meu corpo, do meu Ser, da minha mente.
Deixa-me pensar quem sou, na vida, no mundo.


Abandona-me ó Loucura.

Abandona-me a alma, permite-me sonhar,
Sentir o sabor dos dias e a beleza da noite.


Solta-me ó Impericia.

Solta-me das correntes da ignorância, liberta-me
Do dissabor da ciência e do conhecimento.


Quero ser livre de mim, da vida, do mundo, do meu infinito cosmos.
Um abandonado da crença.