Tuesday, January 18, 2005

Heresia

Estou sentado, nú, na beirinha da minha vida: uma ponte que faz passagem entre o passado e o futuro.
Ao longe a paisagem. O céu vermelho e o azul do mar.
O convite.

Tenho, descaindo pelas costas, um par de asas brancas que me deste. Sem força para voar.
Agrilhoado. Tenho lastro num tornozelo. Duas vezes o meu peso. Inércia maldita que me prende ao solo.
À vida.

Vontade de partir. De ver o mundo do ar. O sossego vermelho fogo do céu. O inferno azul do mar.
Sentir o vento da liberdade. Da paz. A tranquilidade na alma.
O sossego.

Estou sentado, nú, na beirinha da minha vida: uma ponte que faz passagem entre o passado e o futuro.
Comigo cá dentro. A dúvida da força das asas. A heresia de pensar que as mereci.
A certeza no peso do corpo.

O apelo é uno com a minha natureza. Salto para o vazio.
Fazer valer a força que o teu amor deu às minhas asas.
Esquecer a vida que me prende ao solo.
Voar

Fujo do vermelho fogo e do azul mar.
Seguir em frente. Esforçar o corpo e a mente. Resistência. Equilibrio.
Sentir que não caio e que não subo. Em frente.
Encontrar a tua ponte.

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