Friday, January 21, 2005

Paraíso perdido

Escrevi-lhe esta carta em dia de chuva fria:

(...)
" Pensavas que me tinhas dado só o mundo? Não deste. Deste-me esta planície onde corro. Esta praia onde me banho. Esta montanha que trepo. Este planalto que passeio. Este rio onde pesco. Esta colina onde escorrego. Este deserto onde me perco. Esta floresta em que suo. Os animais. As plantas. Deste-me o dia. Deste-me a noite. O frio. O Calor. O Vento o Fogo a Água e a Terra. Deste-me os Planetas vizinhos. O Sol e a Lua.

Lembras-te? Deste-me isto tudo e deste-me mais. No dia em que me roubaste uma costela e nela sopraste... deste-me folego de viver a dois. Com Mulher a meu lado. Em paraíso privado. Sem pressas. Sem barreiras. Sem tabús. Sem limites no tempo ou no espaço. Dizia-te obrigado todas as noites. Venerava a teus pés pelo elixir da vida que era prenda infindável. E dormia descansado.

Veio depois o dia em que me abandonaste. Em que deixaste fugir de mim o doçe despertar. E colocaste a mortal tentação em frente do meu distino. Porquê? Não fui eu sempre teu fiel amante, servo e protegido? Arauto da tua palavra? Não foi justo o triste designio que celebraste às cegas com o meu futuro.

E agora que estou aqui só. Para que quero eu este mundo que me deste?"

- Até hoje não obtive resposta.

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